A eleição da direção estadual da Nova CTB Maranhão, realizada na noite desta sexta-feira (28), marcou um movimento de reorganização do sindicalismo no estado. Em uma plenária com ampla participação de trabalhadoras e trabalhadores de diversos setores, a central sinalizou uma agenda de unidade, diálogo institucional e fortalecimento das estruturas de base. O encontro, descrito pelos organizadores como vibrante e propositivo, abriu um novo ciclo para a atuação da central, com metas voltadas à negociação coletiva, formação sindical e defesa dos direitos em um cenário de mudanças no mercado de trabalho.
Como foi a eleição e a plenária
O processo de eleição ocorreu em plenária aberta a delegadas e delegados indicados por entidades filiadas, com debates sobre prioridades e mecanismos de participação. Ao longo da noite, intervenções ressaltaram a necessidade de ampliar a presença da central em locais de trabalho, fortalecer a interlocução com governos e parlamentares e garantir maior coordenação entre categorias. A dinâmica buscou assegurar transparência e representatividade, com uma direção composta por lideranças de diferentes ramos, como serviço público, educação, transporte, comércio e setores rurais.
Entre os pontos mais citados, estiveram a necessidade de retomar campanhas salariais eficazes, reorganizar comitês por local de trabalho e investir em comunicação digital para alcançar trabalhadores formais e informais. Representantes destacaram, ainda, que a recomposição das estruturas estaduais é condição para negociar com mais força frente a pautas sensíveis, como custeio sindical, precarização, terceirização em cadeia e combate à informalidade que atinge parcelas significativas da força de trabalho no Maranhão.
Unidade e representatividade
A unidade foi tratada como um valor estratégico. Dirigentes e delegações defenderam a construção de consensos mínimos programáticos, preservando a pluralidade interna. A ideia central é somar entidades e coletivos, evitando dispersão em um cenário no qual empregadores e gestores públicos buscam reduzir custos trabalhistas. A direção eleita indicou que a central atuará para aproximar categorias, compartilhar experiências de negociação e qualificar dados que embasem campanhas e acordos.
Nesse sentido, a representatividade também foi enfatizada como critério para decisões e prioridades. A nova composição pretende ampliar a participação de mulheres, juventude e trabalhadoras e trabalhadores negros em espaços de direção e formação. A meta anunciada é refletir a realidade do mundo do trabalho no estado, garantindo que as demandas por igualdade salarial, prevenção ao assédio, segurança no trabalho e políticas de cuidado estejam no centro da agenda sindical.
Agenda e prioridades anunciadas
O plano de ação destacado na plenária inclui a defesa da negociação coletiva, o fortalecimento dos serviços públicos essenciais e o acompanhamento de medidas legislativas com impacto direto sobre empregos e renda. Foram mencionadas pautas como valorização do salário mínimo regionalizado, atualização de pisos por categoria, cumprimento de acordos e convenções coletivas, fiscalização de jornadas e combate ao trabalho análogo à escravidão em áreas urbanas e rurais.
A central também apontou a necessidade de políticas de formalização e proteção social para trabalhadoras e trabalhadores por conta própria e de plataformas, com atenção a saúde e segurança, previdência, proteção à maternidade e paternidade e acesso à negociação coletiva. Outro eixo é a promoção de igualdade de gênero e raça, com protocolos de prevenção e enfrentamento à violência e ao assédio, além de medidas para ampliar o acesso à formação profissional e tecnológica.
Negociação coletiva e serviços públicos
Com base nos relatos apresentados, a Nova CTB Maranhão pretende priorizar mesas permanentes de negociação, calendários de campanha unificados e monitoramento de indicadores de custo de vida. No setor público, a diretriz é defender concurso, carreira, condições de trabalho e financiamento estável para áreas como saúde, educação e assistência, articulando entidades estaduais e municipais para evitar perdas salariais e garantir atendimento à população.
Formação e interiorização
Outro pilar é a formação sindical. Estão previstos cursos, oficinas e materiais de apoio sobre direitos, organização no local de trabalho, comunicação e segurança jurídica das entidades. A interiorização das atividades, com atenção a polos regionais e setores rurais, foi apresentada como caminho para ampliar a base e enfrentar a dispersão territorial, aproximando a central de trabalhadoras e trabalhadores em municípios distantes dos grandes centros.
Comunicação e transparência financeira
A direção eleita indicou que investirá em canais digitais, boletins e campanhas de utilidade pública para informar sobre direitos, acordos e serviços de apoio jurídico. Na gestão, a proposta é adotar práticas de transparência, prestação de contas periódica e planejamento orçamentário, facilitando a participação e a fiscalização das entidades filiadas.
Próximos passos e calendário
Após a eleição, a central deve divulgar um cronograma de reuniões com entidades filiadas, encontros setoriais e plenárias regionais para detalhar o plano de trabalho. Entre as primeiras medidas, estão o mapeamento de prioridades por categoria, a atualização de cadastros e o acompanhamento de pautas legislativas estaduais e municipais. A intenção é articular ações conjuntas e preparar as campanhas salariais do próximo período com base em dados e metas verificáveis.
O que muda para os trabalhadores e trabalhadoras
Para a base, a reorganização pode significar mais presença nos locais de trabalho, maior capacidade de negociação e um canal de orientação mais ágil sobre direitos. A expectativa é que a central funcione como ponte entre demandas cotidianas e a atuação institucional necessária para garantir proteção social, salários dignos e condições seguras de trabalho, especialmente diante do avanço da informalidade e de novas formas de contratação.
O resultado da plenária indica um esforço de convergência entre diferentes segmentos do movimento sindical no Maranhão. Com uma direção renovada e metas objetivas, a Nova CTB Maranhão assume o compromisso de combinar mobilização, diálogo e qualificação técnica. A efetividade desse novo ciclo dependerá da participação ativa das bases, da articulação com outras centrais, do acompanhamento das políticas públicas e da capacidade de transformar resoluções em melhorias concretas na vida de quem trabalha.